Opinião: os 26 chimpanzés remanescentes para pesquisa podem estar próximos de um verdadeiro santuário

Opinião: os 26 chimpanzés remanescentes para pesquisa podem estar próximos de um verdadeiro santuário
Sherill passou sua vida toda em cativeiro. Por ela ter Diabetes Tipo 2, o NIH disse que ela provavelmente não sobreviveria à transferência do Alamogordo Primate Facility para o santuário na Louisiana e que deveria permanecer no laboratório.

Os 26 chimpanzés antes usados para pesquisa e remanescentes do Alamogordo Primate Facility (APF), localizado na Base da Força Aérea de Holloman [EUA], estão no centro das atenções, e as notícias são animadoras.

Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) recentemente desistiram de sua apelação da ação judicial movida pela Animal Protection New Mexico (APNM), juntamente com a Humane Society of the United States.

A eliminação de qualquer obstáculo legal na tentativa de levar esses chimpanzés para um santuário é, sem dúvida, uma boa notícia. O que ainda não aconteceu, entretanto, é a palavra final que significa que a mudança para lá é iminente.

Um chimpanzé explora do alto de uma árvore no santuário Chimp Haven na Louisiana.
Um chimpanzé explora do alto de uma árvore no santuário Chimp Haven na Louisiana.

Os defensores dos chimpanzés estão depositando suas esperanças nas palavras da nova diretora do NIH, Dra. Monica Bertagnolli, que disse recentemente: “Estou comprometida em cumprir as metas da Lei CHIMP para garantir que esses chimpanzés tenham o santuário e os cuidados que merecem”.

Sua declaração é importante porque, embora a recente vitória legal seja significativa, o juiz distrital do caso não pôde obrigar o NIH a transferir os chimpanzés por meio de uma diretriz, nem exigir um cronograma.

Então, o que o futuro reserva agora para os 26 chimpanzés restantes?

Considerando o indeferimento da apelação, as palavras poderosas do novo líder do NIH, os esforços da nossa delegação do Congresso do Novo México – juntamente com os senadores da Louisiana Bill Cassidy e John Kennedy – e as forças financeiras e humanas que parecem estar se unindo, um otimista pode ver as possibilidades de um santuário “no horizonte”.

Esse horizonte, seja ele próximo ou ainda muito distante, no entanto, agora depende da capacidade do Chimp Haven em Keithville, Louisiana, de acomodar mais primatas. Atualmente com sua capacidade máxima, mas muito disposto a receber mais, o Chimp Haven também é o santuário federal de chimpanzés e tem sua capacidade de expansão limitada devido ao seu esquema de financiamento.

Atualmente, o NIH paga 75% do orçamento do Chimp Haven, mas isso faz com que o centro tenha que levantar fundos privados para necessidades cruciais de infraestrutura. Isso é inaceitável quando o governo federal criou a necessidade do espaço do santuário em primeiro lugar. Atualmente, o alojamento dos chimpanzés e outros prédios usados pela equipe veterinária e de apoio não têm ar condicionado em um dos climas mais úmidos do país.

A Animal Protection New Mexico está pedindo ao NIH e ao Congresso que aumentem imediatamente o financiamento para o Chimp Haven e, assim, cumpram sua obrigação legal de garantir que todos os chimpanzés tenham um santuário lá, o mais rápido possível.

Criar as condições para transferir os chimpanzés não é apenas um imperativo moral. Para os contribuintes, a matemática é fácil. Pelas contas do próprio NIH, o custo dos cuidados com os chimpanzés no Chimp Haven é menos da metade do custo para eles viverem na APF. Além disso, no Chimp Haven, os chimpanzés vivem em ambientes mais naturais, em grupos de sexos mistos, como fariam na natureza, e recebem um enriquecimento de alto nível que não está disponível na APF.

Em 19 de janeiro, a APNM encomendou uma pesquisa em todo o estado para determinar a posição dos habitantes do Novo México em relação a essa questão. Quando perguntados se concordavam totalmente ou de alguma forma que o NIH “deveria liberar todos os chimpanzés remanescentes em Alamogordo para o santuário Chimp Haven”, 79% dos habitantes do Novo México disseram que sim.

Quando perguntados se o Congresso “deveria pressionar mais o NIH para liberar todos os chimpanzés restantes em Alamogordo para o santuário Chimp Haven”, 75% concordaram. Todos os cinco membros da delegação do Congresso do Novo México apoiam a transferência dos chimpanzés para o santuário e, cada um à sua maneira, recentemente exerceram essa pressão.

Os habitantes do Novo México entendem essa questão porque convivemos com ela desde a década de 1950, quando 65 chimpanzés bebês foram capturados na África Ocidental e trazidos para Holloman para programas de treinamento em apoio ao Projeto Mercury. Os famosos chimpanzés Ham e Enos foram usados em um voo espacial suborbital em 1961.

A decisão do NIH de retirar a apelação é encorajadora e parece representar uma nova visão e a liderança inspirada da Dra. Bertagnolli. Os habitantes do Novo México contam com ela para instruir sua agência a implementar imediatamente os planos de transferência dos chimpanzés sobreviventes do APF, aos quais foi prometido um santuário. Eles merecem seguir o caminho de muitos outros chimpanzés doentes e idosos que foram transportados com sucesso para o Chimp Haven sem incidentes.

Lá, no santuário oficial do governo, eles receberão cuidados veterinários de alta qualidade e terão a melhor chance de prosperar e viver suas melhores “vidas de chimpanzé”.

Concentrar-se em um futuro distante pode ser um desafio, mas aqui estamos nós, mais de seis décadas desde que Ham estava nas manchetes. Nós, como seres humanos, já passamos dessa época e dessa forma. Esses chimpanzés de pesquisa, até agora, não tiveram a chance de seguir em frente. Agora seria o momento perfeito para honrar seu serviço involuntário com um verdadeiro santuário.

Gene Grant é o diretor de programas e políticas da Animal Protection New Mexico – Animais na Ciência.

Por Gene Grant / Tradução de  Ana Carolina Figueiredo

Fonte: ABQ Journal

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